O Domingo: Santíssima Trindade

Reflexão

Jesus tinha combinado encontrar seus dez apóstolos num monte da Galileia. Uma vez no monte viram Jesus que se aproximou deles e, com sua autoridade divina, enviou-os solenemente para realizarem duas importantes missões dizendo: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (primeira missão) “e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” (segunda missão).

Como esperado, a Liturgia de hoje faz a Festa de Deus, isto é, a festa do Amor e da Vida porque Deus é ‘Amor e Vida’. É uma festa diferente de todas as outras, porque enquanto elas celebram eventos passados, porque todas se dão em momentos históricos a contar da data do seu começo ou nascimento, esta celebra Deus, que não teve começo, não tem um aniversário. Estamos acostumados com festas de aniversário de 18, 60, 100 anos; bodas de 30, 50 anos; aniversário da cidade, 300, 400 anos. Porém Deus é diferente de tudo o que existe, pois sendo eterno não tem começo e não terá fim. Deus é o ETERNO PRESENTE.

O povo judeu foi o primeiro povo a acreditar na existência de um só Deus. Ele revelou-se a Abraão e pediu para que não acreditasse em outros deuses! Fez com ele uma promessa à condição da sua descendência acreditar num Único Deus. Porém, o povo da sua descendência (Isaac e Jacó) não foi muito fiel, misturou-se com povos de outras crenças e acabou escravizado pelos Egípcios. Passaram-se mais de 800 anos até que Moisés, escolhido por Deus, conseguiu libertar o povo Hebreu da escravidão e voltar ao seu Deus. Quando Moisés quis saber o nome deste único Deus, isto é, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, a Voz divina fez-se ouvir revelando-se a ele com a expressão “EU SOU” (IA WEH), que nós pronunciamos “Javé”. Moisés lembra que seu povo pertence a Javé, como uma propriedade particular de Deus, ou melhor, que Ele não é Dono de outros povos. Moisés insiste dizendo: “Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo”? (Dt4, 33) e continua: “Reconhece, pois, hoje, e grava em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra e que não há outro atém dele (Dt4, 39)”.

Deus não é algo, não é luz, energia, nirvana, mas Alguém, que tem personalidade, escuta e se comunica, mas nos parece solitário! Um DEUS SOLITÁRIO! Você já pensou? Ele sabe tudo e Ele é PERFEITO e FELIZ. Mas feliz, como? Ninguém é feliz sozinho! Deus não criou o Universo para ser feliz. Ele cria por amor não por necessidade. Mas antes de iniciar a criação do universo ainda ficava só? Surge então a questão: como ser feliz sozinho?

Nós cristãos temos a resposta: Jesus veio e nos revelou que Deus, mesmo sendo Um só, não está só e nunca esteve só. Desde toda a eternidade Deus é uma comunhão de Amor entre o Pai e o Filho. O elo é o Espírito do Pai e do Filho que realiza essa relação de amor unificando-os num Único Deus!

O apóstolo João, que conheceu Jesus de perto, escreveu: “Quem ama, nasceu de Deus, já conhece a Deus porque Deus é Amor” (1Jo4, 7). Então o Pai é Amor, o Filho também e o Espírito Santo é o encontro do Amor do Pai com o Amor do Filho. Podemos dizer que o Amor do Pai é o Pai inteiro que se fusiona com o Filho. O Amor do Filho é o Filho inteiro que se fusiona com o Pai. Este Amor não é algo, é o Espírito Santo unificador do Pai e do Filho.

 

O Filho se encarnou na Pessoa de Jesus e tornou-se visível, mas o Pai é invisível. O apóstolo Filipe queria ver o Pai. Jesus lhe disse: “Filipe, quem me vê, vê também o Pai, não acredita que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo14, 9). Portanto, podemos fazer uma imagem de Jesus, pois fez-se homem. Mas não tentar fazer uma representação humana do Pai, porque Deus é invisível! A presença do Espírito tornou-se visível numa pomba e numa chama de fogo. Podemos pensar a Trindade imaginando um ser com três corações ou um triângulo com um ângulo para o Pai (criador), um para o Filho (salvador) e o terceiro para o Espírito Santo (santificador). É A TRINDADE DIVINA! É maneira de falar. Porém, um triangulo não é a trindade de Deus.

 


 Pe. Lourenço, CSC

 

 

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