O Domingo: 13º Domingo do Tempo Comum

Reflexão

Chama a atenção na passagem do dia a familiaridade que existe entre Jesus e seus apóstolos, mesmo com pouco tempo de convivência juntos. Vejam quando ele procura quem havia tocado na roupa dele, os discípulos disseram em tom de gozação: “Está vendo a multidão que te comprime e ainda pergunta: ‘Quem me tocou’?” – Com efeito, os apóstolos tinham a liberdade de criticá-lo e fazer observações como aquela. Outro exemplo disso é quando Jesus pediu a Pedro para lançar a rede à direita da barca para conseguir apanhar peixes. Pedro disse que não adiantava, pois eles tinham lançado a rede durante a noite inteira sem pegar nada. Entretanto, ele o obedeceu e a rede ficou cheia de peixes. O pescador arrependeu-se de ter desconfiado da competência do mestre, e pediu perdão. (LC 5, 8).

Lembremos ainda quando Jesus profetiza sua paixão e morte. Pedro não concordou e foi repreendê-lo a parte. Jesus, porém, o censurou dizendo: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8, 33). É interessante lembrarmos desses episódios para entendermos melhor a abertura e o ambiente fraterno que havia entre Jesus e alguns de seus discípulos. Em geral, eles não ficavam constrangidos pelo mestre. Muito pelo contrário: eles ficavam à vontade.

No evangelho de hoje, Marcos narra a cura milagrosa de uma mulher enferma, que sofria de hemorragia há 12 anos, e a ressurreição de uma menina de 12 anos, filha de Jairo, um dos chefes da Sinagoga da região de Cafarnaum. Tanto a mulher quanto Jairo sabiam da simpatia e do poder de Jesus quando o procuraram. É pela fé que Jairo caiu aos pés de Jesus para pedir: “Minha filinha está nas últimas” – nota-se que ainda não estava morta – “vem e põe as mãos sobre ela, para que sare e viva.“. Mas logo alguém da casa chega dizendo à Jairo: “Tua filha morreu!“, portanto não tinha mais jeito de curá-la. O desespero tomou conta de todos da família. Quando Jesus chegou, ninguém pensou que ele podia tirá-la da morte – chegara atrasado demais. Até aquele dia ele nunca tinha ressuscitado alguém. Por isso, Marcos insiste no fato de ter levado três testemunhas para acompanha-lo no quarto da menina: Pedro, Tiago e João. Jesus tinha dito que ela estava dormindo. Foi somente diante destes três apóstolos que ele ressuscitou a menina, sob a insistente recomendação de “que ninguém ficasse sabendo daquilo“.

Em relação à mulher que sofria de hemorragia, Marcos parece desacreditar da competência dos médicos de seu tempo quando escreveu: “A mulher tinha sofrido nas mãos de muitos médicos e gastou tudo o que ela possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais”.  Ao insistir nos 12 anos em que ela ficou nas mãos dos médicos o evangelista talvez quisesse evidenciar que aquela doença era incurável! E por que a mulher não fez como Jairo, isto é, jogar-se aos pés de Jesus para pedir a cura? Era por vergonha? Mas, vergonha do quê? Ela, sofrendo com aquele tipo de sangramento, sentia-se impura. Não queria de jeito nenhum que alguém da multidão soubesse. Por ser indigna, ela ficava atrás de Jesus e só queria tocar a roupa d’Ele.

As passagens buscam retratar que Jesus, ungido pelo Espírito, tinha recebido o poder divino de fazer milagres. Por outro lado, quase sempre não quis atribuir-se às curas dizendo: “A tua fé te curou”. Ainda há um lado que quase nunca se observa: Jesus sempre assume a dor e o sofrimento do doente. Os Evangelistas costumam dizer que Jesus teve compaixão, isto é, sentiu intensamente o drama, a angústia, a dor, o sofrimento da pessoa que o procurava. Em especial os cegos, os solitários, os rejeitados da sociedade ou da religião, os paralíticos, leprosos, hidrópicos etc.

Deus não criou a morte pois a morte é a perda da vida – e Ele é criador somente dos vivos. Não criou o ser humano para ser incorruptível, mas o fez para ser eterno à sua imagem e natureza. Hoje em dia, a Igreja, assim como Cristo, tem a missão de aliviar os sofrimentos das pessoas, não somente os físicos, mas particularmente os morais e espirituais, enquanto as prepara para a vida eterna. O ministério da saúde, entre os numerosos ministérios da Igreja, sempre será um dos mais valorizado. Muitas congregações religiosas mantêm hospitais e hospícios pra idosos.


  Pe. Lourenço, CSC

 

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