O Domingo: 2º Domingo do Advento

Reflexão

Exilado na Babilônia, o povo de Isarael sofreu muito. O povo ficou envergonhado, humilhado pela derrota. Muitos perderam a Fé na proteção de Javé e nas promessas de Deus. O povo Judeu foi obrigado a sair de sua terra para caminhar até a Babilônia, chorando e lamentando, e o exílio foi interpretado como uma punição pelos pecados do povo. Durante os 48 anos de banimento, nasceram duas gerações de judeus a mais de 1.000km de distância da terra de seus pais, sem ter nenhuma ideia do que era o Templo de Jerusalém.

Passados os 48 anos de exílio, os israelitas puderam voltar para sua terra de cabeça erguida, superando o vexame sofrido pela derrota do passado. “Jubilosos por Deus ter-se lembrado deles”; “Levanta-te, Jerusalém, teus filhos estão de volta”. Acabou a tristeza do exílio. O povo pode despir-se das vestes de luto e aflição e revestir-se com enfeites de glória, pois Javé lembrou-se de seu povo! Deus ordena uma verdadeira “terraplanagem” para que o povo caminhe com segurança rumo a uma nova Jerusalém que será erguida. Porém, essa terraplanagem é espiritual e moral.

João Batista, filho de Zacarias e Isabel, nascido seis semanas antes de Jesus, foi o percursor de Cristo. João pregou no Rio Jordão, anunciando a chegada de Jesus Messias e Cordeiro de Deus fazendo alusão a Isaías e a Baruc, sugerindo fazer o seguinte: “endireitar passagens tortuosas, caminhos esburacados, acidentados demais”. Para corrigir todas as imperfeições daquele caminho, será necessário fazer uma conversão interna pessoal e comunitária; a mais completa possível.

A conversão a nível pessoal, que Lucas resumiu num breve sumário aproveitando as profecias de Baruc e Isaías (Is40, 3-5), começa dizendo “Esta é a voz que grita no deserto: ‘preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão aplainadas; as estradas curvas ficarão retas, e os caminhos esburacados serão nivelados. E todo o homem verá a salvação de Deus” (Lc3, 4-6).

Como fazer para espiritualizar essa terraplanagem toda?

  • Rebaixar montanhas e colinas significa reconhecer nossa condição de pecadores, removendo o orgulho, a prepotência, a soberba e a ignorância;
  • Retirar pedras e perigos do caminho quer dizer levantar os ânimos pela esperança sem a ilusão do perigo do alcoolismo, uso de drogas, vício de celular e de outros vícios que dificultam um relacionamento pacífico pelo caminho da vida;
  • Aterrar vales e valetas, tampar buracos, preencher a carência de felicidade significa, no caminho da vida cristã, acabar com as desigualdades injustas e ensinar os direitos humanos. É preciso preencher a carência de felicidade, a falta de amor, de carinho, de entendimento, de oração, de diálogo, de sensibilidade e compreensão. Há muitos buracos para tampar afim de que ninguém deslize pelo caminho da vida;
  • Assegurar dignidade ao povo, quer dizer achar trabalho para todos; animar as comunidades; acelerar a marcha da economia; apreciar e respeitar a natureza; ser mais ecológico; achar o pão para os famintos; abrir mais escolas para educar as crianças pobres;
  • Endireitar passagens tortuosas e curvas perigosas, que significa que é preciso parar de usar palavras agressivas para difamar e enganar; corrigir informações desencontradas; corrigir Fake News; pôr boas sinalizações; corrigir os jovens sem os ferir; acabar com preconceitos raciais e étnicos; achar solução para os desníveis de escolaridade, pois tudo isso dificulta a caminhada comum;
  • Evitar acidentes pelo caminho da vida, ou seja, proteger-se! No contexto atual, podemos inserir a necessidade de vacinar-se contra a COVID-19 e suas variantes; obedecer sinalizações de trânsito; respeitar as leis para que todos possam caminhar com segurança para que, no fim da caminhada, uma nova Jerusalém seja erguida para a felicidade de um povo unido na paz desejada por todos e para todos.

Uma vez todos convertidos, poderemos esperar a volta do Senhor Jesus em nossos lares e comunidades na Paz e Alegria verdadeiras. Nossa fé fundamentada não em mitos ou dizeres, mas numa pessoa histórica: o Cristo Jesus cuja vida se enquadrou numa época bem conhecida, durante o Império Romano, no povo judeu, o melhor preparado!


 Pe. Lourenço, CSC

 

 

 

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