Congregação de Santa Cruz

Carisma

“O carisma de Santa Cruz, uma espiritualidade, uma missão, um projeto de vida comunitária.”

O “Carisma” é um dom do Espírito concedido às pessoas ou comunidades em vista do bem comum e da edificação da Igreja. Esse dom depende de uma percepção própria da figura de Jesus e de uma visão do Evangelho a partir de um ângulo particular que levam a uma mobilização geral e fecunda. Ele é, então, uma força inspiradora, um dinamismo de compromisso, uma capacidade de realizar concretamente.

Aberto ao mundo do seu tempo, a França do século XIX, Basílio Moreau viu os efeitos das mudanças revolucionárias e das desordens sociais do seu século. Conheceu as hostilidades, ás vezes violentas, contra a religião e contra a Igreja, a ascensão do laicismo, uma descristianização de grande envergadura. Neste contexto social e religioso sentiu-se chamado a restaurar a fé cristã e mediante a ela à regeneração social. O Pe. Moreau, contudo, não se restringiu aos limites da sociedade francesa do após-revolução, mas dedicou fortemente também ao anúncio do Evangelho em outras culturas, o seu Zelo Apostólico o levou a cruzar muitas fronteiras.
O Carisma dos Religiosos de Santa Cruz é o de renovar a fé cristã, de regenerar a sociedade, de apressar a chegada de tempos melhores, em resposta às necessidades urgentes da Igreja e da sociedade.

Esse carisma, qual uma força de convicção mobilizadora e eficaz, ele busca-a na percepção de Jesus salvador, libertador, e na visão do Evangelho que leva a humanidade à realização. “Uma vez Jesus conhecido e amado no mundo, tudo se renovará; a luz do Evangelho dissipará as trevas do século; a sua moral regenerar-lhe-á os costumes e a justiça reinará” (Sermões, p. 445)

O carisma da Congregação enraíza-se numa espiritualidade, manifesta-se numa missão e inspira um projeto de vida comunitária. Ele é, pois, composto de pelo menos três elementos: uma espiritualidade e de modo particular uma percepção especial do mistério de Jesus Cristo; uma missão, isto é, eixos de apostolado; um projeto de vida comunitária, ou seja, um estilo original de comunidade. A orientação espiritual e apostólica recebida do fundador comunica-se aos membros e influencia a continuidade e o desenvolvimento das suas obras.

Os Quatros pilares da Espiritualidade de Santa Cruz

A espiritualidade do fundador está toda ela centrada em Jesus Cristo, com um acesso à sua pessoa especialmente mediante a contemplação das Sagradas Escrituras e pela Liturgia. Trata-se, para os religiosos e as religiosas, de se conformar a Jesus Cristo, não somente na própria conduta, mas no seu próprio Ser Religioso.

Jesus serve de inspiração por toda a sua existência de vida, de palavra e de ação, deslocando-se incessantemente para junto de todo ser humano, de todas as condições, compadecendo-se de todas as misérias, prioritariamente junto dos pobres.

Jesus Cristo, nosso exemplo, é ao mesmo tempo a revelação do amor que vem de Deus e a manifestação da cooperação do Homem com Ele. Convencido de que Santa Cruz é obra de Deus, Basílio Moreau exige de nós “a nossa correspondência às inspirações da graça e a nossa fidelidade para acolher os desígnios da Divina Providência” (Carta Circular, 23)

Se formos fiéis ao trabalho de Deus em Santa Cruz hoje, devemos estar atentos à presença e à ação constante de Deus, porque é o próprio Deus que nos dá o desejo de promover a sua vontade em todas as coisas.

O Pe. Moreau convidou todos os religiosos a carregar a sua cruz porque “é preciso conhecer o mistério da Cruz e dela colher a força dos homens apostólicos” (Carta Circular, II), daqueles imitadores de Cristo, cuja vida foi um martírio. A imitação de Jesus inclusivamente nas tribulações suportadas com coragem pede que “nos tornemos cada vez mais conformes à imagem do divino crucificado” (Carta Circular, 34) Esta imagem do divino crucificado, que deu a vida para a salvação do mundo, foi tão importante para o Pe. Moreau que ele deu como divisa à sua congregação “A cruz, nossa única esperança” e também propôs como festa patronal de toda a Congregação Nossa Senhora das Sete Dores, o título de Maria aos pés da Cruz.

Mas esta cruz é a cruz gloriosa. É o amor do Servidor que sofre, exprimido na cruz que é gloriosa, não instrumento de suplício, nem as próprias dores. A morte de Jesus adquire todo o seu sentido no amor com o qual Ele cumpriu fielmente a sua missão durante a sua vida, um amor que chegou à raiz dos seus compromissos. A Cruz de Jesus Cristo é também fonte de salvação e de libertação. É a nossa esperança.

O Pe. Basílio Moreau também insistiu sobre a união entre os membros da sua família religiosa. Ele apresentou-lhes o exemplo da união no seio da Sagrada Família e nas relações de Jesus com o seu Pai na comunhão com o Espírito. Essa união entre os membros baseia-se na união íntima de cada um com Jesus. Como os membros são articulados organicamente num mesmo corpo, como os ramos estão ligados à mesma árvore e partilham a mesma seiva, assim os religiosos estão unidos em Jesus e por Ele unidos entre si.